terça-feira, 21 de agosto de 2012

Agricultura Agrotóxico x Saúde.


Defensivo agrícola, pesticida, praguicida, veneno, são muitas as formas de se referir ao produto. Segundo a Norma Regulamentadora Rural nº 5, que acompanha a Lei nº 7.802/89, os agrotóxicos são “substâncias, ou mistura de substâncias, de natureza química, quando destinadas a prevenir, destruir ou repelir, direta ou indiretamente, qualquer forma de agente patogênico ou de vida animal ou vegetal que seja nociva às plantas e animais úteis, seus produtos e subprodutos e ao homem”. Visando o lucro máximo e a produtividade, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico no mundo, impactando os ecossistemas e a saúde da população.

A população com maior vulnerabilidade são os trabalhadores da agricultura familiar, que são aqueles que expõem, manipulam e aplicam o agrotóxico, gerando assim riscos para a sua saúde. Somado a isso, esses trabalhadores na maioria das vezes não utilizam medidas de proteção isso devido ao não fornecimento de informações de como eles devem ser utilizados, além de muitos deles serem inviáveis ergonomicamente, o que afeta na execução do trabalho– uso de equipamentos de segurança, aplicação de dosagem correta, consumo de produtos autorizados, obediência às regras de armazenagem e descarte de embalagens, facilitando ainda mais a contaminação com o produto.

No setor saúde, os efeitos dos agrotóxicos podem ser agudos ou crônicos. Os agudos são aqueles que ocorrem principalmente em trabalhadores rurais, com sintomas que aparecem até 24 horas depois da exposição; como exemplo: espasmo muscular, convulsão, náusea, desmaio, vômito e dificuldade respiratória. Já os crônicos decorrem de exposição prolongada a baixas doses das substâncias, inclusive via alimentação, chegando à mesa do consumidor por meio de alimentos com resíduos das substâncias.

O uso de agrotóxico no Brasil            

Segundo José Agenor Álvares da Silva, diretor da Agencia Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa),  o Brasil faz uso de 19% de todos os agrotóxicos produzidos no mundo, ele ainda coloca que 17% corresponde aos EUA e o restante dos países, 64%.

Aponta que, atualmente, no país existem 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas responsáveis por produzir 2.400 tipos diferentes.

Dados divulgados pela ANVISA em conjunto com o Observatório da Industria dos Agrotóxicos da UFPR, em abril deste ano, mostra que o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93% e o brasileiro cresceu 190%, ultrapassando os EUA assumindo o posto de maior no mercado. No ano de 2010 o mercado movimentou cerca de US$ 7,3 bilhões, já em 2011 o aumento nas vendas foi de 16,3%, alcançando US$ 8,5 bilhões, sendo seis as maiores empresas que controlam 66% esse mercado, são elas: Basf, Bayer, Dow, Monsanto e Syngenta. O que acontece é uma pratica comum entre as grandes empresas, onde essas compram as menores e formam monopólios e oligopólios, ocupando a maioria dos espaços  de produção e consumo uma vez que controla o comércio de grãos, oferece facilidades ao agricultor e estimula a compra dos consumidores.

Um dossiê intitulado “ Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde” lançado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva ( ABRASCO)  no congresso de nutrição World Nutrition Rio 2012, traz informações interessantes a cerca dos efeitos desse veneno para a saúde e aponta que há três anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxico no mundo.

Em maio deste ano foi publicado no jornal francês Le Monde a noticia “Ligação entre Parkinson e agrotóxicos é oficialmente reconhecida na França” a noticia traz a historia de um produtor que moveu um processo contra a Monsanto, julgada responsável por uma intoxicação do produtor da inalação de um dos herbicidas produzidos pela empresa. A partir disso dezenas de produtores fizeram reivindicações a respeito da classificação de doenças ocupacionais relacionadas ao uso de pesticidas e a retirada de produtos perigosos. O decreto sobre o reconhecimento do Mal de Parkinson, foi muito aguardado, visto que o agricultor faz parte da Associação de Fitovitimas, criada em 2011, ele esperou quatro anos para ter a doença reconhecida como ocupacional. Isso evidencia que está crescendo a preocupação e os olhares que se voltam para o uso desses produtos e seus malefícios.

Dentro desse cenário, onde a preocupação principal é produzir, gerar lucro e alimentar o agronegócio, pouco se preocupando com a saúde dos indivíduos, surgiu, em 2011, uma campanha que segue contraria a essa lógica é a “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida”. Uma série de organizações e movimentos sociais  participam da construção, entre eles estão: ABRASCO, FIOCRUZ, Via Campesina (MAB, MPA, MST, MMC, MPP, FEAB, ABEEF, CIMI, PJR e CPT), INCA, Movimento Estudantil, Rede Social de Justiça Social e Direitos Humanos. O objetivo central é sensibilizar a população  para os riscos que os agrotóxicos representam, e com isso adotar medidas para combater seu uso no país, evidenciando as contradições trazidas com o modelo do agronegócio.  Como parte da campanha lançou-se o documentário dirigido por Silvio Tendler “ O veneno está a mesa” que aborda como a chamada Revolução Verde do pós-guerra acabou com a herança da agricultura tradicional. No lugar, implantou um modelo que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. O filme ainda aponta pequenas iniciativas em defesa de um outro modelo de produção agrícola. (Assista  aqui)

Como proposta para a solução desse problema tem-se a Agroecologia, trata-se de um sistema de produção sustentável onde o uso de veneno é proibido, tendo portanto um alimento nutritivo, saudável e garantindo a não contaminação/intoxicação do produtor com agrotóxicos. Uma pergunta que muitos fazem é: como escolher alimentos menos contaminados ou até menos isentos? Deixamos aqui algumas sugestões, escolha alimentos da safra, vá mais as feiras, conheça o agricultor, converse, procure saber o que ele usa na produção, lavar bem os alimentos também pode ser uma alternativa!

Por fim, vemos que a luta a favor de uma produção e alimentação que visa a saúde dos agricultores e consumidores, por uma segurança alimentar e nutricional de qualidade e eficaz, está começando e que a “briga” contra os “grandes” não será nada fácil, muito pelo contrario, participe também dessas movimentações, informe-se!
Siganilut.

Obs; Nova Iguaçu uma cidade de quase 900 mil abitantes,Não investe na agricultura,não investe nos agricultores,não cuida da qualidade destes alimentos que vem de outras cidades do pais,resultado disto deixamos de gerar milhares de empregos na nossa cidade,Custo de alimentos mais carros para a população em geral,com isso diminui a quantidade de consumo de alimentos principalmente para as populações mais carentes da nossa cidade gerando grande transtornos na Saúde da população,pense nisso Vamos reciclar.


Charles lopes da silva, e agricultor
registrado desde maio de 1986 no
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Iguaçu. 



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